Não perca as oportunidades

Há um provérbio chinês muito apropriado que diz:
Existem três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida.
Então pense antes de agir, pense antes de falar, mas não demore a pensar o que deve fazer quando uma oportunidade aparecer em sua vida!!!

sábado, 5 de junho de 2010

O QUE É O HOMEM?

Esta é uma pergunta intrigante que tem atravessado séculos e séculos a fio e por mais respostas que se obtenha, a mesma teima em permanecer latejando em nossas mentes, principalmente na daqueles que buscam em profundidade, seja através de estudo ou de reflexões, por uma resposta senão plena, pelo menos satisfatória. No mundo globalizado em que vivemos, onde impera o interesse dos mais fortes, em detrimento dos mais fracos, em que vale mais o “ter” do que o “ser”, e que valores tais como o direito à vida são amplamente desrespeitados, essa pergunta parece ficar sem resposta. Além do mais, com o domínio da ciência, que busca resposta para tudo, partindo do ponto de vista pragmático, sempre se incorre no risco de identificar o homem como sendo algo como “um robô” ou como uma “máquina”, como se o mesmo fosse dotado só de corpo e não de corpo e alma.
O homem descobre tudo, mas não descobre a si mesmo. Imagine só: Se Santo Agostinho, sendo o grande teólogo e filósofo que foi, se sentiu incapaz de responder a essa pergunta, ao afirmar que “tornei-me um quebra-cabeça para mim mesmo e isto é minha enfermidade”, o que poderíamos responder sobre essa questão? Seria melhor e mais conveniente ficarmos com Karl Rahner, para quem “o homem é a questão para a qual não existe resposta”.
Para se fazer uma reflexão a essa pergunta, resta ainda saber que caminho, que antropologia seguir, cabendo ressaltar que a antropologia tem várias facetas, sejam elas: física, social, cultural, filosófica ou teológica, o que pode ajudar, mas mesmo somando todas as respostas dadas por cada uma delas, teríamos finalmente uma resposta plena? A antropologia aponta duas vertentes diferentes sobre o que venha a ser o homem: uma é o antropocentrismo e a outra o teocentrismo.
Se partirmos do ponto de vista antropocêntrico, poderíamos dizer com Protágoras que “o homem é a medida de todas as coisas”. Nessa visão, em que o homem é o centro de tudo, fica descartada qualquer possibilidade de dependência de uma fonte além de si mesmo. O homem seria um ser criado à sua própria “imagem e semelhança”. Dentro do ponto de vista antropocêntrico, poderia ainda se destacar as seguintes visões: a positivista e empírica, em que temos o homem como um ser a ser observado e testado pelos métodos das ciências naturais: o homem máquina. Na visão filosófica clássica (Sócrates, Platão e Aristóteles), o homem é um ser pensante, privilegiado pela razão, que conscientemente é capaz de escolher, agir e ser responsável pelos atos que venha a praticar. Por fim, temos a visão filosófico-behaviorista, que descreve o homem como um ser dotado de uma subjetividade composta por sentimentos, preferências, intuições e emoções.
Partindo de uma visão teocêntrica, numa perspectiva cristã, ao contrário da visão antropocêntrica em que o homem é a medida de todas as coisas, teremos “Deus como a medida de todas as coisas”, com o homem sendo apenas o “imago dei”, seja, um ser à imagem e semelhança de seu criador, doutrina essa defendida pela nossa Igreja Católica, ao longo dos séculos, em toda a sua história, fundamentada em Gênesis 1,27. Nessa visão, o ser humano é um ser dependente de uma força que lhe transcende, para além de si mesmo: Deus. O homem é um ser espiritual criado por Deus, o qual lhe deu a vida e uma natureza única. A imagem e semelhança à qual o homem foi criado viu-se desfigurada pelo pecado original, razão pela qual o mesmo se tornou sujeito a obedecer a normas e preceitos estabelecidos por leis específicas, promulgadas por Deus, principalmente aquelas contidas no elenco do Decálogo.
Creio que qualquer reflexão que venhamos a fazer em busca de uma resposta a essa eterna pergunta, tem que ser feita à luz da fé e da razão, sempre buscando manter um equilíbrio entre todo e qualquer pensamento, seja ele de que origem for, se filosófica, psicológica ou teológica. Particularmente, prefiro ver o homem como um ser criado à imagem e semelhança de Deus, que se tornou imperfeito (decaído que foi pelo pecado original), porém, com uma capacidade que lhe foi dada ao ser constituído em sua essência, de sair de si mesmo, de toda a sua pequenez, em busca de seu Criador, do qual é eternamente dependente.



O que é o homem? Uma pergunta que ecoa na própria história humana e corre os dias sem resposta. Tão ampla é a pergunta que se subdividiu em múltiplas inquietações. Não seria mais importante perguntar: Quem é o homem? O que o constitui? Muita instabilidade se observa neste terreno. Muitas respostas superficiais foram dadas, afirmações subjetivas ou doutrinárias que não têm conduzido ao domínio da certeza. Um dos problemas está centrado na estrutura do conhecimento cultural. Tudo que o homem conhece da realidade objetiva e de si mesmo não é necessariamente o reflexo exato da objetividade. O homem conhece por observação e interpreta de acordo com os dados que ele possui acerca da realidade.
Desta forma, a cultura determina a visão que o homem tem de si mesmo e das razões elementares de sua existência. As respostas dependem da visão que cada cultura possui da existência. Entretanto, as culturas não têm esboçado respostas claras que possam levar o homem a entender quem realmente seja. Mas isto não significa que o homem tenha desistido. A busca por uma resposta continua sendo o fator determinante das raízes culturais. No entanto, o que se tem é apenas a hesitação. Decididamente, o homem não sabe quem é, não sabe para onde vai, qual é o sentido dos pequenos e grandes fatos que se sucedem em sua existência e, mais grave ainda, afasta estas questões de seu horizonte no cotidiano, tornando-se uma pálida imagem daquilo que está chamado a ser.

Quando a natureza toma conhecimento de si mesma na figura do homem, a razão se estabelece como pilar da busca pela compreensão. Na busca e na incerteza o homem decidiu viver de acordo com sua razão na tentativa última de experimentar um pouco de lucidez em meio a tanta inquietação.
O homem encontrou na razão as possíveis asas que o levariam a alçar os vôos em busca da liberdade. Entretanto, mesmo que a razão e a liberdade sejam os fatores que constituem a busca humana pela vida, não passam de instrumentos na tentativa de uma compreensão ampla da vida e de si mesmo. Então, outras perguntas se levantam: Por que vale a pena viver? Qual é o sentido da vida? Por que existem a dor e a morte? Qual é a razão do sofrimento humano? As inquietações humanas se manifestam como expressão da própria natureza da razão e está na raiz de todo movimento humano. Na produção cultural, fruto do exercício desta razão, nasce a religião. O desejo de compreender o sentido último da existência revela o senso religioso. A religião se apresenta como resposta mais plausível na busca inquietante por significado.
O homem é homem porque não cessa de interrogar-se sobre o sentido do mundo e não apenas porque é capaz de agir sobre ele, ou moldá-lo de acordo com suas necessidades. A religião é o homem que pergunta transcendendo para fora do ser, e buscando além de si a compreensão de sua origem e destino. Ao produzir cultura e religião, a razão humana não considera o pecado. Ao produzir no caminho terreno o homem não pode alcançar o eterno. O que significa afirmar que o homem não pode se achegar a Deus sem o auxílio do milagre da revelação. Sem a revelação, o homem buscou respostas e viveu estilo de vida diversificado.
A cultura é a criação de um mundo que faça sentido, que esteja em harmonia com os valores do homem que o constrói, que seja espelho, espaço amigo, lar, realização completa dos objetos desejados. No entanto, a cultura não é garantia de que o desejo foi alcançado; é externalização do desejo em meio à sua ausência. Enquanto o desejo não se realiza, resta cantá-lo, dizê-lo, celebrá-lo. A esperança nasce em meio ao pecado que escraviza e não permite ao homem encontrar o verdadeiro caminho.
A religiosidade, portanto, não significa que o homem tenha encontrado o caminho que conduz às respostas inquietante que deram origem à busca pela vida. Ser religioso ou postular uma religião não significa que o homem tenha encontrado a resposta. Significa nada mais nada menos que o homem procura a resposta. Encontrar o caminho passa necessariamente pela auto descoberta do homem como pecador que precisa de Deus.
No entanto, outra pergunta vai ecoar a partir deste ponto: O que é o pecado? É deixar de se conformar à lei moral de Deus na busca de ser o que o Criador projetou que fosse. O pecado está presente na estrutura do homem. Corrompe o seu desejo e o levanta contra Deus. Toda a produção cultural está influenciada pelo pecado, uma vez que o homem está dominado pelo mal.
Estar dominado pelo mal, não significa que o homem não seja capaz de praticar ações boas. Mas, que qualquer estilo de vida (cultura) produzido por sua razão está necessariamente distante de Deus. O encontro com Cristo é a revelação especial ansiada pelo homem e anunciada pelo próprio Deus nas Escrituras: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim” (Jo.14:6). Se o homem deseja entender o seu caminho sobre a terra, deve se procurar no próprio Deus. Enquanto a religião é a busca por este caminho; Cristo Jesus é a resposta ao homem religioso.

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